sábado, 11 de junho de 2011

O Vendedor de Sonhos, de Augusto Cury

“O ser humano morre não quando seu coração deixa de pulsar, mas quando de alguma forma deixa de se sentir importante. Aprenda que uma pessoa pode ferir seu corpo, mas jamais poderá ferir sua emoção, a não ser que você permita”.


O Vendedor de Sonhos conta uma história inspiradora, nos faz refletir sobre a vida, a morte, e, principalmente, sobre a forma em que vivemos oprimidos pela ordem e pelos valores da sociedade moderna.


No livro, um professor universitário chega a exaustão de suas forças e está à beira do suicídio. Policiais e um renomado psicólogo tentam em vão impedir. Contudo, é um homem desconhecido e maltrapilho que o convencerá de desistir do ensejo. Este homem misterioso se intitula o Vendedor de Sonhos, e o convoca a vender sonhos para as pessoas garantindo que é isso que irá salvar a humanidade.


Assim, entramos na história de vez, através de grandes ensinamentos, muita beleza e emoção. No desenrolar da história o vendedor de sonhos vai ganhando vários discípulos, que estão dispostos a largar toda sua vida para seguir este homem que mal conhecem, mas ganha também inimigos, como a mídia e grandes empresas.


Na trajetória do vendedor de sonhos, os leitores irão rir, chorar, se emocionar e refletir. O autor, Augusto Cury, leva o leitor a um mundo ainda pouco conhecido para a maioria das pessoas, suas emoções e seus sentimentos e desejos.


É, com certeza, um daqueles livros que com certeza vale a pena ser lido mais de uma vez. Após o término da leitura, a única certeza que eu tive era de que nosso mundo realmente precisa de vendedores de sonhos! Recomendo a leitura, é certeza que você irá despertar para muitas sensações que estavam adormecidas. E mesmo com a didádica de "auto-ajuda", gostei do livro.

Leia, se encante, e torne-se um Vendedor de Sonhos!

Os Sete, de André Vianco

Os Sete é um romance do autor brasileiro André Vianco, publicado em 2000 de maneira independente (o autor usou seu FGTS para produzir mil exemplares, que demorou quase um ano para ser vendido). No ano seguinte, a Editora Novo Século passou a publicar a obra, que logo alcançou as listas de mais vendidos no país.


O livro é seguido por Sétimo e O Turno da Noite (série sub-dividida em Os Filhos de Sétimo, Revelações e O Livro de Jó).


Eu o descobri há muito tempo, logo que lançado pela Editora. Além da capa muito bonita e marcante, o que me chamou mais a atenção foi o fato do escritor ser brasileiro. Não vemos livros de ficção escritos por brasileiros. Eu tinha de valorizar a nossa cultura e comprei na mesma hora.


Não me arrependi um minuto sequer, e depois da minha propaganda boca a boca na época, tive alguns amigos viciados nas obras do autor.


Nessa obra, uma caravela portuguesa naufragada há séculos no litoral brasileiro, foi encontrada por mergulhadores, entre eles nossos protagonistas Tiago e Eliana. Dentro dela, uma caixa de prata velada com sete cadáveres acusados de bruxarias que foi levada para que uma equipe do departamento de história de uma universidade a estudasse.


Os universitários, mesmo contra as advertências grafadas na caixa, violam-na e decidem estudar os corpos, encontrados em perfeito estado de conservação. Tudo vai muito bem, até que um dos vampiros acorda…


Aos poucos, André Vianco apresenta os vampiros “Inverno”, “Acordador”, “Tempestade”, “Lobo”, “Espelho”, “Gentil” e por fim “Sétimo”, o mais temido. Eles possuem poderes sobrenaturais que vão além da vida eterna, força e velocidade sobre-humana.


A história prende do início ao fim, principalmente por nos situarmos nela, já que o desenrolar da trama se dá nas cidades brasileiras, em pontos que conhecemos. Sem mencionar a leveza da escrita, a forma como André Vianco descreve os acontecimento, em especial o choque dos vampiros com as novidades tecnológicas de nosso tempo.


Se você já gosta de livros de ficção, de vampiros, se gostou da saga Crepúsculo, vai gostar também deste livro. Após ler Os Sete, posso assegurar que você vai querer ler a série inteira o quanto antes.

Travessuras da Menina Má, de Mario Llosa

O livro Travessuras da Menina Má conta uma história de encontros e desencontros entre dois amantes através de quatro décadas, ao mesmo tempo em que traça um panorama de transformações sociais e políticas ocorridas na Europa e na América Latina.


Mario Llosa escreve uma história de amor, um amor moderno, condicionado pelo mundo em que vivemos e que está muito mais próximo da realidade do que os amores românticos da literatura. Uma leitura que me lembrou muito o filme Closer – Perto Demais, justamente pela desmistificação do amor.


Logo no início, conhecemos o jovem Ricardo Somocurcio, nos anos 50, em Lima - Peru, e a estonteante e misteriosa “chilena” Lily. Ricardito se apaixona na mesma hora, mas depois de descobrir que, na verdade, ela é peruana e de origem humilde, ele a perde de vista.

Passa o tempo e o jovem peruano vê realizado o sonho que sempre alimentou: o de viver em Paris, mas ainda assim não consegue esquecê-la.


Ricardo se torna um intérprete da ONU sem grandes ambições, e Lily uma mulher aventureira e manipuladora que vive mudando de nome e de marido conforme as conveniências.


Os dois se reencontram ao longo da vida, em diferentes momentos e em várias cidades do mundo (na Paris revolucionária dos anos 60; na Londres das drogas, da cultura hippie e do amor livre dos anos 70; na Tóquio dos grandes mafiosos; e na Madri em transição política dos anos 80).


Lily sempre aparece para tumultuar a vida do seu eterno apaixonado, e Ricardito, o Bom Menino, mesmo sempre prometendo não cair mais em seu joguinho, sempre se deixa seduzir.


Uma paixão arrebatadora, que mexe com os sentimentos do leitor. Uma hora odiamos a menina má, em outras torcemos desesperadamente por ela.


Acho que todas as mulheres gostariam de ter o poder de sedução que possui a menina má e desejariam encontrar o seu bom menino

sábado, 4 de junho de 2011

A Menina que Não Sabia Ler, de John Harding

Quando comecei a ler "A Menina que Não Sabia Ler", de John Harding, fiquei impressionada. A história da pequena garotinha, Florence, e seu irmãozinho Guiles, me cativou de tal forma que eu simplesmente não queria fazer outra coisa.

As aventuras e os mistérios em que a trama nos envolvia a cada página, e o amor e a preocupação de Florence por seu irmão me prendiam e me faziam adorar nossa heroína.

Ela era uma personagem especial, para mim, que enfrentou todos os preconceitos da época e as ordens do tio, quando maravilhada encontrou a grande biblioteca na casa, e sozinha aprendeu a ler... Ela me fascinava, e com isso o livro me prendia e me encantava.

E quando livros assim me prendem, leio tão rápido, que rapidamente chega ao fim. E foi quase aí que ele me decepcionou. Além do fato de John Harding ter deixado muito dos mistérios sem soluções, o que eu não gosto, a "minha" heroína conseguiu decepcionar-me.

Não era o final que eu desejava, embora possa dizer que seria "e foram felizes para sempre"... Mas, com minha mente sempre um pouquinho à frente, imaginando o que viria a cada página, e a adoração que eu tinha criado por Florence, não pude deixar de odiar o livro.

Mas ainda assim, recomendo. Nem todos fantasiam como eu, ou criam tal identificação com a personagem. Ou muitos até acharão a atitude dela especial. Então, esquecendo este fato que não irei narrar aqui, para não perder a graça, fica a dica: O livro é bom, mas me decepciona no final.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Um pouco mais do que andei lendo esses dias

"Romântica pra Cacete" - Tati Bernardi


"A vida é complicada. E a vida é complicada porque nós mulheres romantizamos tudo, ou quase tudo. Ou justamente o que não deveríamos.
(...)
Onde está você, pelo amor de Deus? Onde está você? Não vê que estou cansada de pertencer a todos e não ser de ninguém? Não vê que minha devolução me enfraquece cada vez mais em me entregar? Não vê que na loucura de te encontrar, não meço as entregas?
(...)
Eu nunca deixo de procurar você. Eu nunca deixo de acreditar que você exista, e eu nunca deixo de acreditar que você faz o mesmo, a minha espera"


E, agora com minhas próprias palavras, sei que romantizo tudo mesmo, e que sempre desejei um príncipe encantado. Mas príncipes só existem em Contos de Fadas e Novelas da Globo. Sei de tudo isso. Mas ainda assim, continuo romantizando. Continuo acreditando. Não consigo imaginar que graça a vida teria se eu soubesse que você também não estaria me procurando, me esperando, e que um dia essa busca iria acabar...

Texto meu, inspirados após muitas leituras, filmes, e lágrimas!

Bom, esses dias passei por muitas coisas em minha vida, quis desistir de tudo, quis me prender a qq coisa que me alegrasse, quis uma mudança radical, quis desesperadamente que nada mudasse...

Dizem que é assim a TPM de uma mulher, que ela não sabe bem o que quer... Mas no fundo, tem um trecho de "Quem quer por um terno no Macaco" de Tati Bernardi que diz exatamente o que sinto: "Você disfarça, a vida toda disfarça. Para não parecer fraco, para mão parecer louco(...) Você passa a vida cego para poder viver. Porque enxergar tudo de verdade dói demais e enlouquece, e logo acaba sozinho."

Andei lendo muito, e vendo muitos filmes, e olhando alguns sites... Nesse mesmo texto de Tati, logo no começo, diz assim: "Mas a verdade é que eu odeio o equilíbrio. Porra, se eu tô puta, eu tô puta! Se eu tô com ciúmes, não vou sorrir amarelo e mostrar controle porque preciso parecer forte e bem resolvida"

Palavrões a parte, mas tinha de ser fiel a autora, é bem assim que me sinto. Não sou forte, não estou bem resolvida. Não sei o que quero, ou sei mais do que nunca o que quero, mas aprendi a disfarçar. Tentei até disfarçar de mim mesmo. E hoje eu me pergunto, do que isso adianta?
 
Sejamos fiel aos nossos sentimentos, mesmo que isso signifique que a gente admita, não estamos sempre felizes, choramos às vezes, sentimos falta, temos vontade de abandonar o trabalho, detestamos a nossa vida (só as vezes, pq nos outros dias a amamos mais do que qq coisa)... e o principal, o que sonhamos para a nossa vida, há uns dez anos atrás, não aconteceu, simplesmente. 

Mas e daí? Podemos começar a sonhar novos sonhos e novos planos agora. Que "teoricamente", e com bastante ênfase a isso, estamos mais maduros e sabemos melhor fazer nossas escolhas, saber o risco de nossas atitudes....

O amor do Pequeno Príncipe, de Saint-Exupéry

Fazendo hora numa livraria, sem intenção alguma de comprar livros, pois estou com dois engatilhados, descobri uma maravilha, para os fãs do Pequeno Príncipe.


São publicadas cartas inéditas de Antoine de Saint-Exupéry, no auge de seus 43 anos, apaixado por uma moça, que não atende aos seus chamados. Para tentar conquistar a moça, Antoine recorre ao nosso amado Principezinho, que assina as doces e melancólicas cartas.


O amor do Pequeno Príncipe, cartas a uma desconhecida é um livro curto, bem mais curto que o livro do Pequeno Príncipe mesmo, mas para quem é apaixonado pelo personagem, como eu, vale a pena vê-lo mais uma vez, em imagens inéditas e em sua confusão psicológica.


“Os contos de fadas são assim. Uma manhã, a gente acorda e diz: ‘Era só um conto de fadas…’ E a gente sorri de si mesmo. Mas, no fundo, não estamos sorrindo. Sabemos muito bem que os contos de fadas são a única verdade da vida.”


Nele aparece também a “menininha”, desenho que o autor cria para ser sua amiga, tal como o Principezinho, já que sua amada não demonstra interesse por ele. “Ela nunca está em casa quando lhe telefono […] Estou muito zangado!”


É lindo, porém curto. Fiquei com a sensação de quero mais. Mas ainda sim, por ser tão fã dele, gostei e comprei na mesma hora. Muito bom ter um pouquinho mais dele, mesmo que seja só um pouquinho mesmo.

O Jogo do Anjo, de Carlos Ruiz Zafón.

Não sei se foi o título, O Jogo do Anjo, que eu achei muito simplório, ou apenas por não ter lido nada a respeito dele antes, mas o fato é que algumas vezes entrei na livraria e minhas mãos passaram despercebidas pelo novo livro de Carlos Ruiz Zafón.

Quando o comprei, ainda assim, o fiz como segunda opção, já que não havia encontrado o que realmente estava procurando e não quis sair de mãos vazias. Ansiava por ler algum livro antes que minhas férias acabassem.


Para minha maravilhosa surpresa, o livro é MUITO bom. Um suspense do início ao fim, que quanto mais você tenta descobrir o que está para acontecer, mas surpreendente é o desfecho do enredo. Uma história sobre amor, amizade e, sobretudo, uma história sobre livros, para quem lê, para quem escreve e para quem vive deles.


David Martim, o jovem narrador e protagonista do romance, é um escritor desiludido, carente de dinheiro e carinho, que passa por diversas provações em sua infância, desde a morte de seu pai ao seu primeiro texto publicado no jornal. Morando em um casarão misterioso, gravemente doente e com a vaidade abalada, permite então que seu “amigo misterioso” Andréas Corelli entre em sua vida, com uma proposta que mudará o rumo das coisas: um livro sob encomenda, uma nova religião.


Aos poucos, no entanto, Martim descobre que o “anjo” esconde mistérios muito perigosos e acaba se envolvendo em uma trama de assassinatos e clima sobrenatural.


Enquanto Martim tenta sair da cilada em que se meteu, vamos conhecendo alguns personagens encantadores, como a jovem Isabella, menina forte e dedicada que quer ser sua assistente e o querido Sr. Sempere, amigo e dono da livraria Sempere e filho, na qual Martim tem seu primeiro contato com o mundo dos livros, e que o permite conhecer o mágico Cemitério dos Livros Esquecidos.


O livro foi uma surpresa tão grande para mim e me agradou tanto, que já comprei A Sombra do Vento, do mesmo autor, e começo a ler ainda essa semana. Quem gosta de livros, principalmente de escrever, um bom suspense e histórias de paixão e amizade, não deixe de ler O Jogo do Anjo, prenderá sua atenção do início ao fim.

A Montanha e o Rio, de Da Chen

Romance na Terra do Dragão

Acabei de devorar as páginas do livro A Montanha e o Rio do escritor Da Chen e ainda estou impressionada com a qualidade do texto, com a leveza da escrita e com toda a emoção que pude sentir ao lê-lo.


Um livro que nos prende do início ao fim, numa narrativa emocionante, cheia de amor, mistério, tramas e conflitos.O livro conta a linda e trágica história de dois jovens ligados por laços de sangue, separadas pelo destino e crescendo como completos estranhos. É através saga de cada um deles em busca da sobrevivência e o amor por uma única mulher que a vida deles começa a se cruzar novamente ao passo em que avançamos nos capítulos, conhecendo mais sobre a história da China, e entrando de vez nessa trama. É difícil parar de ler. Assim como os personagens vão ganhando força e têm sede de sobrevivência, temos vontade de ler mais rápido e saber onde vai acabar.


Agora, então, após toda a mídia que a China teve por causa das olimpíadas, é uma ótima oportunidade para conhecer um pouco mais sobre sua história e ao mesmo tempo ler um emocionante Romance.

A Cidade do Sol, de Khaled Hosseini

Khaled Hosseini acerta mais uma vez ao escrever o segundo livro, A Cidade do Sol.

Se no primeiro livro, O Caçador de Pipas, ele abordou o universo masculino, agora Hosseini volta os olhos para as mulheres. Talvez seja por isso que gostei ainda mais que o primeiro.


Mais uma vez ambientando no Afeganistão, o livro narra a vida de duas mulheres, Mariam e Laila, que apesar de terem sido criadas de forma completamente diferente (Mariam é filha de uma criada com um rico proprietário, que não a reconhece perante a sociedade e Laila é filha de um professor que a incentiva a estudar e ter o seu lugar no mundo, não apenas ser esposa e mãe) acabam tendo suas vidas unidas no mesmo drama.


Ao passo que vamos conhecendo a luta dessas duas mulheres, seus temores, dificuldades e a linda relação que pode surgir meio ao caos que lhes rodeia, vamos também conhecendo um pouco mais da história desse país, conhecendo a visão dos afegãos sobre as guerras e invasões que estamos acostumados apenas a ver nos telejornais.


Uma história bela, de leitura fácil e prazerosa. Quem gostou de O Caçador de Pipas não pode deixar de ler.

Assim como o primeiro livro de Hosseini, A Cidade do Sol também vai parar no cinema. 

O Menino do Pijama Listrado, de John Boyne,

Alguns livros me atraíram pela história, outros pela capa, outros li por causa de uma boa indicação… Mas O Menino do Pijama Listrado, de John Boyne, me chamou a atenção pelo título curioso. Não tinha a intenção de ler durante o São João, mas ao fazer compras num mercado para as festas juninas, me deparei com o livro e fiquei instigada.


É um livro pequeno, muito agradável de se ler. Não gastei mais do que uma tarde com ele. Uma pena. Sempre fico triste quando os livros acabam.


Pensei muito sobre o que escrever sobre o livro e acho melhor não falar muito sobre ele. O Menino do Pijama Listrado é uma história que é melhor não saber detalhe algum antes de começar a leitura. Adianto apenas que há um menino de 9 anos inocente completamente alheio à sua realidade, uma mudança repentina que o deixa ávido por entender o que acontece a sua volta, uma cerca enorme e – lógico – um menino de pijama listrado.


O resto ficará por conta de quem ler o livro, que por sinal, também já foi parar no cinema.

Leiam, vou esperar por isso para poder comentar mais detalhes do livro sem estragar o suspense.


• Curiosidade: Foi, durante um ano, o livro mais vendido na Irlanda.

O Carteiro e o Poeta, de Antônio Skármeta

Publicado originalmente em http://www.lerdeviaserproibido.com.br

O Carteiro e o Poeta, de Antônio Skármeta é um romance que narra uma linda e inusitada amizade entre um carteiro e o poeta Pablo Neruda. Na verdade, o livro acaba sendo uma espécie de biografia, ensaio, diário e romance, já que o próprio autor fala que ”Concretamente, devo a Neruda a perda da minha inocência”, num dos muitos momentos em que expressa sua admiração pelo poeta.


Mário Jimenez é um jovem morador da Ilha Negra, litoral do Chile, filho de um pobre pescador, mas que desde cedo demonstra sua inaptidão para esse tipo de trabalho, para dissabor de seu pai. Contudo, apaixonado por filmes, é o único morador letrado da ilha, e por isso, um dia toma a iniciativa de se oferecer para carteiro de sua localidade. Numa ilhota, povoada por pescadores analfabetos, o único cliente de Mário é o famoso poeta, que recebe uma enorme quantidade de cartas diariamente.


A relação entre os dois começa, por insistência de Mário, devido a uma admiração curiosa e pela insistência de que Neruda lhe dedique um livro. Com o decorrer do tempo, a interação entre os dois vai aumentando à medida que o poeta passa a dar conselhos amorosos e sobre a arte poética para que o jovem conquiste a mulher por quem é apaixonado.


Em minha opinião, há dois grandes momentos no livro. Quando Neruda explica ao carteiro o que é uma metáfora, e ao fazer isso, convida os leitores a ver poesia, beleza e, acima de tudo metáforas, em todos os lugares, até mesmo nos mais simples detalhes da vida. E, principalmente, quando Neruda pede ao amigo que grave os sons da ilha, para que o poeta mate a saudade durante sua estada na França. “Preciso desesperadamente de algo, nem que seja o fantasma da minha casa. A minha saúde não anda nada bem. Sinto falta do mar. Sinto falta dos pássaros. Mande para mim os sons da minha casa.”


É um livro belíssimo que fala sobre o amor e, principalmente, sobre a amizade. “O Carteiro e o Poeta” agrada pela sutileza das palavras e pela beleza da história. Vale a pena ler e a compreender o mundo com outros olhos, olhos cheios de poesia.


Para quem gosta de cinema, foi lançado em 1994 o filme nos cinemas. Não assisti, mas soube que é muito bom também.

A Menina que Roubava Livros, de Markus Zusak

Publicado originalmente em http://www.lerdeviaserproibido.com.br


Quando comecei a ler A Menina que Roubava Livros, de Markus Zusak, não fazia idéia sobre o que era a história, mas tinha me encantado com o título do livro e queria ler ainda assim.


À medida que eu ia lendo, ficava tão satisfeita e empolgada com a história, com o tema e com a forma da narrativa que não conseguia desgrudar os olhos do livro. Aonde eu ia, leva o livro comigo e cada tempinho livre eu lia mais um pouco do livro. (Se pudesse, tinha lido sem nenhuma interrupção). A pequena Liesel e sua cativante história emocionam do início ao fim, e mesmo sabendo como termina o livro no meio da leitura, a vontade de continuar lendo só faz aumentar.


A Menina que Roubava Livros é narrado nada mais nada menos que pela própria Morte, que se comove com a personagem e sua trajetória, interage com o leitor, e nos faz ver tudo sobre um ponto de vista diferente. Ela leva a história com palavras doces, brinca com a gente, descreve momentos lindos dentro de situações que poderiam ser bem triste. (Nunca pensei que a Morte pudesse ser tão boa, que tivesse um “coração”. A narradora é a Morte que eu gostaria de encontrar quando chegar o meu dia).


A vida de Liesel nunca fora fácil, e quando chega a “Alemanha nazista” na segunda guerra mundial, precisa separar-se da mãe para poder sobreviver. É a caminho de sua nova família que começa o livro, que começa o drama da nossa garotinha. Seu irmão morre no trem e ela presencia tudo. A imagem dele na neve e a lembrança do enterro são pesadelos que vão a acordar por muito tempo. É o primeiro encontro dela com a Morte.


No enterro, ela rouba um livro que o rapaz que enterrara seu irmão deixa cair na neve: O Manual do Coveiro. Era o primeiro de seus roubos. Ela não sabia ler, mas não se desgrudava do livro, porque ele era o marco de sua vida, da transformação. Perdera o irmão e fora separada da mãe no dia em que roubou seu primeiro livro. Seu primeiro ano na Rua Himmel não foi nada fácil. Rosa e Hans Hubermann, seus pais adotivos, têm a difícil missão de incluir a menina na sociedade.


Rosa era uma dona de casa rabugenta, mas possuía um coração incrível. Hans, pintor desempregado e acordeonista, logo conquistou o carinho e a confiança de Liesel e nas noites que ela acordava assustada, era ele quem a ensinava a ler. Durante os anos em que viveu na rua Himmel, Liesel foi aprendendo a importância das palavras e o gosto de roubar livros, que foram um guia e uma fuga para a dura realidade que estava vivendo. Na maioria de seus roubos, está acompanhada por Rudy Steiner, seu vizinho, melhor amigo e quase namorado. Os dois passam juntos por muitos problemas e muitas aventuras.


No aniversário do Fuher Hiltler, a garota rouba um livro que está sendo queimado na fogueira de objetos dos judeus; e, a partir daí, entra em sua vida mais um personagem importante, a esposa do prefeito, para quem ela e a mãe lavavam as roupas. Num misto de amizade e cumplicidade, Liesel passa a frequentar sua casa para ler os livros na Biblioteca.


Entra também na história um outro personagem muito importante: Max Vanderburg. Um judeu, filho de um ex-companheiro de Hans na primeira guerra e para qual fez a promessa de ajudar um dia. Max passa a viver no porão da casa e aos poucos cria laços muito fortes de amizades com Liesel. Era um grande amigo que ela jamais poderia falar a respeito com mais ninguém. A guerra e os problemas que ela traz tornam o romance o mais humano possível, nos mostrando uma visão do que era ser judeu (ou amigo dos judeus) durante a Segunda Guerra e todo o drama e dificuldade que eles passaram. Para Liesel, essa descoberta foi muito difícil e ela passa a ter de conviver com esse segredo e com essa nova vida. É nas palavras que Liesel encontrou forças para seguir em frente, palavras que hora ela ama e hora ela odeia, mas que as usa com grande sabedoria ao escrever seu próprio livro.


Foram as palavras que a salvaram de toda forma possível nos encontros com a Morte. E entre encontros e desencontros, esse livro acaba caindo na mão dela e é a própria Morte, que comovida com sua história, resolve contar-nos sua vida. A Morte que foi testemunha de sua dor, nos descreve com muita poesia todos os dias em que Liesel viveu na rua Himmel. “Um dia todos irão conhece-la. Mas ter a sua história contada por ela é para poucos. Tem que valer a pena”.


A história da roubadora de livros vale a pena, eu garanto. Entrou para a lista de meus livros preferidos, bem no topo. Não tem uma semana que terminei de ler e já sinto saudades de nossa protagonista. Leiam, vocês vão adorar. Não é atoa que está na lista dos mais vendidos por um ano.

O Caçador de Pipas, de Khaled Hosseini

Publicado originalmente em http://www.lerdeviaserproibido.com.br


Quando apareceu na mídia pela primeira vez, despertou meu interesse em ler o livro, e a cada página que eu o devorava, ele me devorava também. Eu não podia simplesmente viajar e deixar a leitura para mais tarde, não podia ir à praia e parar algumas horas de ler. O Caçador de Pipas, de Khaled Hosseini, me consumia e me emocionava a cada virada de página.


O romance conta a história de uma amizade entre duas crianças no Afeganistão, Amir e Hassan. O primeiro é rico, educado, a mãe morre ao dar a luz e por isso sente-se rejeitado pelo pai, assim procura constantemente sua aprovação. Hassan é filho do empregado, é de etnia diferente e descriminada no país, não sabe ler nem escrever, mas possui coragem digna de herói e respeito e adoração pelos seus patrões.


No início do romance, essa amizade é ressaltada pelos campeonatos de pipas (Amir controla a Pipa e Hassan é o caçador), pelas leituras juntos – os Sutãos de Cabul – pelas idas ao cinema ver repetidamente o mesmo filme e, principalmente, pela superação do preconceito, já que a sociedade não aceitava com bons olhos a amizade entre grupos étnicos e classes sociais diferentes. Neste caso, Hassan sempre defendia bravamente Amir.



O grande acontecimento do livro, e o divisor de águas dessa amizade, ocorre no Campeonato Anual de Pipas. Amir ganha o campeonato e conquista o tão esperado reconhecimento de seu pai. Contudo, Hassan tentar caçar a última pipa como prêmio para seu amigo (“Por você, faria isso mil vezes”) e acaba sendo brutalmente violentado pelos meninos chefiados por Assef, filho de uma respeitada família afegã. (Nesse momento da leitura, tive de dar uma pausada para respirar enquanto lágrimas corriam pela minha face. Impressionante como a lealdade de Hassan era maior do que seu próprio medo e sofrimento.)


No entando, Amir viu o que estava acontecendo e teve a oportunidade de retribuir toda as vezes em que fora defendido por Hassan, teve a oportunidade de mostrar sua amizade por seu amigo. Mas lhe faltou coragem e acabou vendo a cena, calado, sem interferir, e apenas procurou esquecer o fato.


Seria bom se pudéssemos esquecer as coisas assim… Mas Amir não conseguiu, e todo o peso e a culpa que ele passou a sentir por não ter feito nada para impedir Assef, levou seu relacionamento com Hassan ao fim.


Ao ler o que se sucede nos desperta raiva e desprezo por Amir, que por não conseguir mais encarar Hassan, acaba criando um jeito de não tê-lo mais por perto, e foi da pior forma possível. Amir tenta acusar Hassan de roubo e mesmo sendo inocente, Hassan prova mais uma vez sua grandeza e seu amor por essa amizade, assumindo o crime, apenas por entender que era a vontade de Amir.


Quando o Afeganistão é invadido pelos soviéticos, Amir foge para os Estados Unidos com seu pai, que na viagem, ainda que sem saber o que se sucedera entre os meninos, dá uma lição sobre coragem, dignidade e honra.


Passam-se vinte anos e Amir tenta refazer sua vida, se forma, se casa, escreve um livro mas o passado que ele tentava esquecer o chama de volta à sua terra natal. O melhor amigo de seu pai, Rahim Khan, no fim de sua vida, telefona a Amir e pede que ele regresse ao Afeganistão, para acertar contas com o passado e se redmir, então, da culpa que carrega até hoje.


Não quero contar aqui o final do livro, para não estragar a emoção dos que ainda não o leram, por isso vou parando por aqui… Mas prometo que ainda tem muita emoção por vir. O livro foi um sucesso e vendeu milhares de exemplares no mundo inteiro. Resultado: Virou filme! Foi parar no cinema. O filme é muito bom também, me emocionou, vale a pena assistir. Mas não deixem, em hipótese alguma, de ler o livro. Ele é completo. Me deixou, quando acabei de ler, com aquela sensação de quero mais, de que a história não podia acabar ali…

O Pequeno Príncipe, de Saint-Exupéry

Publicado originalmente em http://www.lerdeviaserproibido.com.br

14/01/2010

O Pequeno Príncipe, de Saint-Exupéry, é uma obra aparentemente para criança, mas apenas aparentemente. Para elas, apenas mais uma história fantástica. Na verdade, a obra é um apelo aos adultos, que se entregam às preocupações diárias e passam a ver o mundo e as pessoas à sua volta com frieza e praticidade e não dão valor às coisas que realmente merecem.



O livro é narrado por um piloto de avião que sofre um acidente e caí em pleno deserto e conta a história de um principezinho que veio de um pequeno planeta em busca de respostas e aventuras, fantasias normais de uma criança, que vê as coisas mais simples da vida com pureza e ingenuidade. Cada personagem que nos é apresentado na narração é uma verdadeira metáfora. O pequeno príncipe simboliza o amor e a força inocente da infância que os adultos esqueceram.



A rosa, linda e geniosa, por quem ele se apaixona e toda o sua história é metáfora sobre os relacionamentos homens X mulheres, sobre paixão e amor. Durante sua viagem, antes de chegar ao Planeta Terra, o pequeno príncipe vai conhecendo alguns personagens, como o Rei, que pensa que todos são seus súditos, mas que os controla com extremamente sabedoria - “É preciso exigir de cada um o que cada um pode dar”. O autor faz uma crítica às pessoas vaidosas em excesso, que dependem de elogios dos outros para sua auto-estima. Chama atenção aos vícios, ao deparar o pequeno príncipe com um bêbado, que tenta fugir de sua realidade bebendo, por sentir vergonha dela. O homem de negócios que o principezinho encontra é um chamado para se aproveitar a vida, já que o personagem estava sempre ocupado contando suas riquezas e não pode desfrutar a vida.



Entre outros personagens e metáforas, o que mais gosto é a Raposa. Ela ensina ao nosso príncipe o valor de uma amizade, o valor do tempo que se passa com alguma pessoa e que isso a torna especial, fala da necessidade de se cativar as coisas e que isto significa ter responsabilidades sobre as mesmas - “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. E dela também a frase mais célebre do livro “Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos”, chamando atenção novamente à necessidade de se agir mais com o coração do que com a razão, de que o mundo pode ser mais interessante quando damos vazão aos sentimentos esquecidos na infância.



Confesso que sou suspeita para escrever sobre este livro, pois é um dos meus preferidos. Procuro ler em diversas fases de minha vida e sempre consigo tirar algo novo dele. Quem me conhece e que já teve a oportunidade de pegar o livro emprestado comigo, sabe o que estou falando, há diversos grifes (coisa que não faço em livro algum) no decorrer de todo o livro, cada um feito em uma de minhas leituras.



É uma leitura fácil, agradável, que não toma mais que uma hora de seu dia. Acho que todos devem ler ao menos uma vez na vida. E o melhor, deixa um final aberto, que, para mim, está dizendo: a partir de agora a escolha é com vocês: seguir nossa vida como se nada tivesse acontecido ou voltar a acreditar nos sonhos, no amor e na esperança, como uma criança é capaz de fazer!



Leiam, sem preconceito. 

Diário do Farol - João Ubaldo Ribeiro

Publicado originalmente em http://www.lerdeviaserproibido.com.br

14/01/2010

Em Diário do Farol, de João Ubaldo Ribeiro, um padre rancoroso, com muitos traumas de infância, sedento por vingança e por transferir sua dor a outros, ao final de sua vida, procura dar um sentido a suas ações narrando suas memórias, em uma ilha abandonada, com um Farol (ótima metáfora usada para a Luz e redenção, mas que o próprio personagem apelida de Lúcifer).



Demonstra bem friamente as maldades (acho que maldade é até uma palavra muito boa para demonstrar suas ações) realizadas pelo protagonista. No início da leitura, confesso ter tido pena do protagonista (o nome me foge a memória agora) e até procuro justificar alguns de seus atos, mas o livro chega a um ponto em que é realmente complicado ter qualquer simpatia pelo mesmo, para não dizer que passei a ter horror a ele.



Em minha opinião, a idéia era mesmo que o livro questionasse o bem o mal, a “moral” da sociedade, como o personagem faz durante toda a narração, se colocando acima desses conceitos e agindo completamente sem escrúpulos.



Recomendo a leitura! É, no mínimo, intrigante. Achei extremamente interessante e diferente dos livros que habitualmente costumava ler.