quarta-feira, 1 de junho de 2011

A Menina que Roubava Livros, de Markus Zusak

Publicado originalmente em http://www.lerdeviaserproibido.com.br


Quando comecei a ler A Menina que Roubava Livros, de Markus Zusak, não fazia idéia sobre o que era a história, mas tinha me encantado com o título do livro e queria ler ainda assim.


À medida que eu ia lendo, ficava tão satisfeita e empolgada com a história, com o tema e com a forma da narrativa que não conseguia desgrudar os olhos do livro. Aonde eu ia, leva o livro comigo e cada tempinho livre eu lia mais um pouco do livro. (Se pudesse, tinha lido sem nenhuma interrupção). A pequena Liesel e sua cativante história emocionam do início ao fim, e mesmo sabendo como termina o livro no meio da leitura, a vontade de continuar lendo só faz aumentar.


A Menina que Roubava Livros é narrado nada mais nada menos que pela própria Morte, que se comove com a personagem e sua trajetória, interage com o leitor, e nos faz ver tudo sobre um ponto de vista diferente. Ela leva a história com palavras doces, brinca com a gente, descreve momentos lindos dentro de situações que poderiam ser bem triste. (Nunca pensei que a Morte pudesse ser tão boa, que tivesse um “coração”. A narradora é a Morte que eu gostaria de encontrar quando chegar o meu dia).


A vida de Liesel nunca fora fácil, e quando chega a “Alemanha nazista” na segunda guerra mundial, precisa separar-se da mãe para poder sobreviver. É a caminho de sua nova família que começa o livro, que começa o drama da nossa garotinha. Seu irmão morre no trem e ela presencia tudo. A imagem dele na neve e a lembrança do enterro são pesadelos que vão a acordar por muito tempo. É o primeiro encontro dela com a Morte.


No enterro, ela rouba um livro que o rapaz que enterrara seu irmão deixa cair na neve: O Manual do Coveiro. Era o primeiro de seus roubos. Ela não sabia ler, mas não se desgrudava do livro, porque ele era o marco de sua vida, da transformação. Perdera o irmão e fora separada da mãe no dia em que roubou seu primeiro livro. Seu primeiro ano na Rua Himmel não foi nada fácil. Rosa e Hans Hubermann, seus pais adotivos, têm a difícil missão de incluir a menina na sociedade.


Rosa era uma dona de casa rabugenta, mas possuía um coração incrível. Hans, pintor desempregado e acordeonista, logo conquistou o carinho e a confiança de Liesel e nas noites que ela acordava assustada, era ele quem a ensinava a ler. Durante os anos em que viveu na rua Himmel, Liesel foi aprendendo a importância das palavras e o gosto de roubar livros, que foram um guia e uma fuga para a dura realidade que estava vivendo. Na maioria de seus roubos, está acompanhada por Rudy Steiner, seu vizinho, melhor amigo e quase namorado. Os dois passam juntos por muitos problemas e muitas aventuras.


No aniversário do Fuher Hiltler, a garota rouba um livro que está sendo queimado na fogueira de objetos dos judeus; e, a partir daí, entra em sua vida mais um personagem importante, a esposa do prefeito, para quem ela e a mãe lavavam as roupas. Num misto de amizade e cumplicidade, Liesel passa a frequentar sua casa para ler os livros na Biblioteca.


Entra também na história um outro personagem muito importante: Max Vanderburg. Um judeu, filho de um ex-companheiro de Hans na primeira guerra e para qual fez a promessa de ajudar um dia. Max passa a viver no porão da casa e aos poucos cria laços muito fortes de amizades com Liesel. Era um grande amigo que ela jamais poderia falar a respeito com mais ninguém. A guerra e os problemas que ela traz tornam o romance o mais humano possível, nos mostrando uma visão do que era ser judeu (ou amigo dos judeus) durante a Segunda Guerra e todo o drama e dificuldade que eles passaram. Para Liesel, essa descoberta foi muito difícil e ela passa a ter de conviver com esse segredo e com essa nova vida. É nas palavras que Liesel encontrou forças para seguir em frente, palavras que hora ela ama e hora ela odeia, mas que as usa com grande sabedoria ao escrever seu próprio livro.


Foram as palavras que a salvaram de toda forma possível nos encontros com a Morte. E entre encontros e desencontros, esse livro acaba caindo na mão dela e é a própria Morte, que comovida com sua história, resolve contar-nos sua vida. A Morte que foi testemunha de sua dor, nos descreve com muita poesia todos os dias em que Liesel viveu na rua Himmel. “Um dia todos irão conhece-la. Mas ter a sua história contada por ela é para poucos. Tem que valer a pena”.


A história da roubadora de livros vale a pena, eu garanto. Entrou para a lista de meus livros preferidos, bem no topo. Não tem uma semana que terminei de ler e já sinto saudades de nossa protagonista. Leiam, vocês vão adorar. Não é atoa que está na lista dos mais vendidos por um ano.

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