quarta-feira, 1 de junho de 2011

O Caçador de Pipas, de Khaled Hosseini

Publicado originalmente em http://www.lerdeviaserproibido.com.br


Quando apareceu na mídia pela primeira vez, despertou meu interesse em ler o livro, e a cada página que eu o devorava, ele me devorava também. Eu não podia simplesmente viajar e deixar a leitura para mais tarde, não podia ir à praia e parar algumas horas de ler. O Caçador de Pipas, de Khaled Hosseini, me consumia e me emocionava a cada virada de página.


O romance conta a história de uma amizade entre duas crianças no Afeganistão, Amir e Hassan. O primeiro é rico, educado, a mãe morre ao dar a luz e por isso sente-se rejeitado pelo pai, assim procura constantemente sua aprovação. Hassan é filho do empregado, é de etnia diferente e descriminada no país, não sabe ler nem escrever, mas possui coragem digna de herói e respeito e adoração pelos seus patrões.


No início do romance, essa amizade é ressaltada pelos campeonatos de pipas (Amir controla a Pipa e Hassan é o caçador), pelas leituras juntos – os Sutãos de Cabul – pelas idas ao cinema ver repetidamente o mesmo filme e, principalmente, pela superação do preconceito, já que a sociedade não aceitava com bons olhos a amizade entre grupos étnicos e classes sociais diferentes. Neste caso, Hassan sempre defendia bravamente Amir.



O grande acontecimento do livro, e o divisor de águas dessa amizade, ocorre no Campeonato Anual de Pipas. Amir ganha o campeonato e conquista o tão esperado reconhecimento de seu pai. Contudo, Hassan tentar caçar a última pipa como prêmio para seu amigo (“Por você, faria isso mil vezes”) e acaba sendo brutalmente violentado pelos meninos chefiados por Assef, filho de uma respeitada família afegã. (Nesse momento da leitura, tive de dar uma pausada para respirar enquanto lágrimas corriam pela minha face. Impressionante como a lealdade de Hassan era maior do que seu próprio medo e sofrimento.)


No entando, Amir viu o que estava acontecendo e teve a oportunidade de retribuir toda as vezes em que fora defendido por Hassan, teve a oportunidade de mostrar sua amizade por seu amigo. Mas lhe faltou coragem e acabou vendo a cena, calado, sem interferir, e apenas procurou esquecer o fato.


Seria bom se pudéssemos esquecer as coisas assim… Mas Amir não conseguiu, e todo o peso e a culpa que ele passou a sentir por não ter feito nada para impedir Assef, levou seu relacionamento com Hassan ao fim.


Ao ler o que se sucede nos desperta raiva e desprezo por Amir, que por não conseguir mais encarar Hassan, acaba criando um jeito de não tê-lo mais por perto, e foi da pior forma possível. Amir tenta acusar Hassan de roubo e mesmo sendo inocente, Hassan prova mais uma vez sua grandeza e seu amor por essa amizade, assumindo o crime, apenas por entender que era a vontade de Amir.


Quando o Afeganistão é invadido pelos soviéticos, Amir foge para os Estados Unidos com seu pai, que na viagem, ainda que sem saber o que se sucedera entre os meninos, dá uma lição sobre coragem, dignidade e honra.


Passam-se vinte anos e Amir tenta refazer sua vida, se forma, se casa, escreve um livro mas o passado que ele tentava esquecer o chama de volta à sua terra natal. O melhor amigo de seu pai, Rahim Khan, no fim de sua vida, telefona a Amir e pede que ele regresse ao Afeganistão, para acertar contas com o passado e se redmir, então, da culpa que carrega até hoje.


Não quero contar aqui o final do livro, para não estragar a emoção dos que ainda não o leram, por isso vou parando por aqui… Mas prometo que ainda tem muita emoção por vir. O livro foi um sucesso e vendeu milhares de exemplares no mundo inteiro. Resultado: Virou filme! Foi parar no cinema. O filme é muito bom também, me emocionou, vale a pena assistir. Mas não deixem, em hipótese alguma, de ler o livro. Ele é completo. Me deixou, quando acabei de ler, com aquela sensação de quero mais, de que a história não podia acabar ali…

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