quarta-feira, 1 de junho de 2011

O Carteiro e o Poeta, de Antônio Skármeta

Publicado originalmente em http://www.lerdeviaserproibido.com.br

O Carteiro e o Poeta, de Antônio Skármeta é um romance que narra uma linda e inusitada amizade entre um carteiro e o poeta Pablo Neruda. Na verdade, o livro acaba sendo uma espécie de biografia, ensaio, diário e romance, já que o próprio autor fala que ”Concretamente, devo a Neruda a perda da minha inocência”, num dos muitos momentos em que expressa sua admiração pelo poeta.


Mário Jimenez é um jovem morador da Ilha Negra, litoral do Chile, filho de um pobre pescador, mas que desde cedo demonstra sua inaptidão para esse tipo de trabalho, para dissabor de seu pai. Contudo, apaixonado por filmes, é o único morador letrado da ilha, e por isso, um dia toma a iniciativa de se oferecer para carteiro de sua localidade. Numa ilhota, povoada por pescadores analfabetos, o único cliente de Mário é o famoso poeta, que recebe uma enorme quantidade de cartas diariamente.


A relação entre os dois começa, por insistência de Mário, devido a uma admiração curiosa e pela insistência de que Neruda lhe dedique um livro. Com o decorrer do tempo, a interação entre os dois vai aumentando à medida que o poeta passa a dar conselhos amorosos e sobre a arte poética para que o jovem conquiste a mulher por quem é apaixonado.


Em minha opinião, há dois grandes momentos no livro. Quando Neruda explica ao carteiro o que é uma metáfora, e ao fazer isso, convida os leitores a ver poesia, beleza e, acima de tudo metáforas, em todos os lugares, até mesmo nos mais simples detalhes da vida. E, principalmente, quando Neruda pede ao amigo que grave os sons da ilha, para que o poeta mate a saudade durante sua estada na França. “Preciso desesperadamente de algo, nem que seja o fantasma da minha casa. A minha saúde não anda nada bem. Sinto falta do mar. Sinto falta dos pássaros. Mande para mim os sons da minha casa.”


É um livro belíssimo que fala sobre o amor e, principalmente, sobre a amizade. “O Carteiro e o Poeta” agrada pela sutileza das palavras e pela beleza da história. Vale a pena ler e a compreender o mundo com outros olhos, olhos cheios de poesia.


Para quem gosta de cinema, foi lançado em 1994 o filme nos cinemas. Não assisti, mas soube que é muito bom também.

Nenhum comentário:

Postar um comentário